segunda-feira, 8 de agosto de 2016

I NOITE DA SOPA DOS EXPEDICIONÁRIOs

 – DIA "D" - 06/06/2015

Boa noite a todos os que estão aqui, hoje, compartilhando mais um momento especial promovido pela ANVFEB – Associação Nacional do Veteranos da FEB -, com apoio do Museu da Paz e da Fundação Cultural de Jaraguá do Sul.
É um momento especial, pois traz para nossos dias pessoas e fatos históricos relevantes e que marcaram não somente a nossa região, mas o mundo, tal qual o conhecemos hoje.
Nas últimas semanas, em meio aos preparativos para esta noite, muitas vezes nos perguntaram: por que dia 06 de junho? Um sábado de feriado prolongado para muitos? Mesmo sabendo que teríamos que lidar com a possibilidade de termos um número menor de participantes, mantivemos a data, pois ela é significativa. O dia 06 de Junho ficou mundialmente conhecido como o DIA D - OPERAÇÃO OVERLORD, a Invasão da Normandia.
A Batalha da Normandia foi a operação que permitiu a invasão das tropas dos Aliados na França ocupada pelos nazistas e a investida fez cair o domínio alemão no território francês, permitindo o avanço dos aliados até a derrota do exército nazista, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial. Essa foi a maior invasão marítima e aérea da história, envolvendo 1240 navios de guerra, mais de 10 mil aviões e milhões de militares – soldados, marinheiros, paraquedistas e pilotos da aeronáutica –, de tropas dos países aliados: Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética.
Nessa mesma batalha, em um dos navios de apoio ao desembarque dos soldados, estava um brasileiro: o tenente Arthur Scheibel, que havia deixado sua família em Corupá, ingressado na Marinha Mercante Brasileira, e, por conta dos ataques alemães às embarcações brasileiras, foi salvo por marinheiros norte-americanos e, por ter conhecimentos de maquinaria dos navios, foi convidado a alistar-se na Marinha dos Estados Unidos.
O tenente Arthur participou de todos os preparativos da marinha americana para a famosa operação, mas não conseguiu desembarcar na praia, com seus companheiros – seu navio foi bombardeado pelos nazistas, provocando a sua morte e a de dezenas de outros. Era irmão do Sargento da FEB Bruno Scheibel, o primeiro presidente da ANVFEB aqui de Jaraguá do Sul e tem seu nome registrado no Monumento dos Expedicionários, aqui em frente, na Praça do Expedicionário, como um dos 5 bravos soldados que participaram da 2ª Guerra, mas não retornaram para casa.
Também queremos falar a respeito do prato principal dessa noite: a sopa! Por que uma sopa? Por que dos Expedicionários? Para quem leu algo do que foi publicado em jornais, redes sociais e sites ou ouviu nos programas de rádio da região nos últimos dias, já sabe a resposta: essa sopa é especial pois era preparada durante a 2ª Guerra pelo Frei Orlando para os italianos, que passavam por muitas dificuldades.
O Capelão da FEB preparava essa sopa utilizando, em sua maioria, ingredientes que eram doados pelos expedicionários e a distribuía aos famintos italianos. Por meio desse gesto, repetido diariamente nas regiões do norte italiano em que estava o Frei Orlando, os brasileiros passaram a ser reconhecidos por sua generosidade e abnegação, pois, além de terem vindo do além-mar para a Itália, lutando para libertá-los do poder nazifascista, ainda compartilhavam sua comida para alimentar os que a necessitavam.
Mas, quem era Frei Orlando?
FREI ORLANDO – PATRONO DO SAREx
Após ter se tornado frade, aos 24 anos, frei Orlando foi para São João del-Rei, onde lecionou no Colégio de Santo Antônio. Lá, tornou-se conhecido por sua generosidade, bondade e preocupação com os menos afortunados.
Quando o Brasil entrou na guerra, o Frei viu o 11º Regimento de Infantaria da cidade partir e não se conformou em permanecer impassivelmente na cidade. Assim, quando o comandante do regimento solicitou a indicação de um religioso para capelão militar, Frei Orlando voluntariou-se e seguiu para a Itália com os "pracinhas", a bordo do navio General Meigs, em 22 de setembro de 1944. Seu primeiro trabalho foi celebrar uma missa na catedral de Pisa para os expedicionários brasileiros.
Lá, ao conhecer a realidade do povo italiano, resolveu também coletar alimentos para amenizar-lhes a fome, retomou sua prática de preparar a sopa e distribuí-la aos que necessitavam. Até hoje existem relatos de pessoas contando que, se não fossem os Brasilianis, teriam morrido de fome durante os últimos anos da guerra.
Tempos depois, às vésperas da tomada de Monte Castello, durante uma visita à linha de frente do conflito, Frei Orlando faleceu, vitimado por um tiro acidental. Eram aproximadamente 14 horas do dia 20 de fevereiro de 1945. O frei estava com 32 anos de idade.
Finda a guerra, o governo brasileiro instituiu Frei Orlando como patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército - SAREx, criado, em caráter permanente, por decreto-lei, no ano de 1946.
Em homenagem ao Frei Orlando, pedimos uma salva de palmas.
E, em uma justa homenagem a quem conseguiu resgatar essa receita, pela primeira vez preparada aqui, precisamos agradecer ao sr. Alexandre Gardolinski por seu empenho, dedicação e pelo ato generoso de compartilhar a receita:
Alexandre Matias Gardolinski nasceu em Curitiba, é casado e pai de três filhos. É Pesquisador Histórico Militar.
No livro que está escrevendo “o outro lado da guerra”, defende que a guerra, (em especifico a II Guerra), salva mais do que mata. Palestrante sobre o mesmo tema em instituições de ensino e eventos Cívicos Militares, aborda as invenções, técnicas, procedimentos e curiosidades de 35 especialidades diferentes de atividades, criados e desenvolvidos entre 1935 e 1950.
Percorreu recentemente na Itália mais de 2.000 km, refazendo a Campanha de nossos Pracinhas em 1944/45.
Presidente do EVMA Expedicionários Viaturas Militares Antigas. Foi Diretor do Museu do Expedicionário em Curitiba - Paraná.
Membro da SASDE - Sociedade Amigos da 2º Divisão de Exército.
Patriota da Liga da Defesa Nacional.
Associado Categoria A da Legião Paranaense do Expedicionário.
Colunista de guerra de jornais, revistas e rádios. Agraciado com o Diploma de Amigo do 62ºBI e com a Medalha Amigo da História, do Programa Nossa História.

Temos a satisfação de contar com a presença do sr. Alexandre Gardolinski e queremos convidá-lo para fazer uso da palavra.

Também convidamos o professor de História e Chefe dos Museus Municipais de Jaraguá do Sul, sr. Ademir Pfiffer, para fazer uso da palavra.

Para encerrar, chamamos o Sr. Ivo Kretzer, secretário da ANVFEB, que fará uso da palavra.

Encerramos agradecendo nossos parceiros e apoiadores: ao Tenente Coronel Vonk, comandante do 14º Batalhão, que permitiu que o soldado Alexandre Mörschbacher (rancheiro do 14º BPM) e Shirley Teles, Relações Públicas do Batalhão, nos auxiliassem, cozinhando a sopa e dando um verdadeiro caráter militar ao encontro, nosso muito obrigado!
Ao senhor Dieter Jansen, prefeito de Jaraguá do Sul, Natália Petry, vereadora e presidente da Câmara, senhor Jaime Negherbon, vice-prefeito e a todos que aqui estão presentes, nosso muito obrigado.

Redação: Dionara Raduenz Bard (Ação do Museu da Paz)
Ademir Pfiffer - Historiador e Chefe dos Museus Municipais
Meste de Cerimônia: Sidnei Marcelo Lopes - Presidente da Fundação Cultural


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