– DIA "D" - 06/06/2015
Boa
noite a todos os que estão aqui, hoje, compartilhando mais um
momento especial promovido pela ANVFEB – Associação Nacional do
Veteranos da FEB -, com apoio do Museu da Paz e da Fundação
Cultural de Jaraguá do Sul.
É
um momento especial, pois traz para nossos dias pessoas e fatos
históricos relevantes e que marcaram não somente a nossa região,
mas o mundo, tal qual o conhecemos hoje.
Nas
últimas semanas, em meio aos preparativos para esta noite, muitas
vezes nos perguntaram: por que dia 06 de junho? Um sábado de feriado
prolongado para muitos? Mesmo sabendo que teríamos que lidar com a
possibilidade de termos um número menor de participantes, mantivemos
a data, pois ela é significativa. O dia 06 de Junho ficou
mundialmente conhecido como o DIA
D - OPERAÇÃO
OVERLORD, a
Invasão da Normandia.
A
Batalha
da Normandia foi
a operação que permitiu
a invasão das tropas dos Aliados
na
França ocupada
pelos nazistas
e a investida fez cair o domínio alemão no território francês,
permitindo
o avanço dos aliados até a derrota do exército nazista, marcando o
fim da Segunda
Guerra Mundial.
Essa foi a
maior invasão marítima e aérea da história, envolvendo 1240
navios de guerra, mais de 10 mil aviões e milhões de militares –
soldados, marinheiros, paraquedistas e pilotos da aeronáutica –,
de tropas dos países aliados: Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e
União Soviética.
Nessa
mesma batalha, em um dos navios de apoio ao desembarque dos soldados,
estava um brasileiro: o tenente Arthur Scheibel, que havia deixado
sua família em Corupá, ingressado na Marinha Mercante Brasileira,
e, por conta dos ataques alemães às embarcações brasileiras, foi
salvo por marinheiros norte-americanos e, por ter conhecimentos de
maquinaria dos navios, foi convidado a alistar-se na Marinha dos
Estados Unidos.
O
tenente Arthur participou de todos os preparativos da marinha
americana para a famosa operação, mas não conseguiu desembarcar na
praia, com seus companheiros – seu navio foi bombardeado pelos
nazistas, provocando a sua morte e a de dezenas de outros. Era irmão
do Sargento da FEB Bruno Scheibel, o primeiro presidente da ANVFEB
aqui de Jaraguá do Sul e tem seu nome registrado no Monumento dos
Expedicionários, aqui em frente, na Praça do Expedicionário, como
um dos 5 bravos soldados que participaram da 2ª Guerra, mas não
retornaram para
casa.
Também
queremos falar a respeito do prato principal dessa noite: a sopa! Por
que uma sopa? Por que dos Expedicionários? Para quem leu algo do que
foi publicado em jornais, redes sociais e sites ou ouviu nos
programas de rádio da região nos últimos dias, já sabe a
resposta: essa sopa é especial pois era preparada durante a 2ª
Guerra pelo Frei Orlando para os italianos, que passavam por muitas
dificuldades.
O
Capelão da FEB preparava essa sopa utilizando, em sua maioria,
ingredientes que eram doados pelos expedicionários e a distribuía
aos famintos italianos. Por meio desse gesto, repetido diariamente
nas regiões do norte italiano em que estava o Frei Orlando, os
brasileiros passaram a ser reconhecidos por sua generosidade e
abnegação, pois, além de terem vindo do além-mar para a Itália,
lutando para libertá-los do poder nazifascista, ainda compartilhavam
sua comida para alimentar os que a necessitavam.
Mas,
quem era Frei Orlando?
FREI
ORLANDO – PATRONO DO SAREx
Após
ter se
tornado
frade,
aos
24 anos, frei
Orlando foi para São
João del-Rei,
onde lecionou no Colégio de Santo Antônio. Lá,
tornou-se conhecido por sua generosidade, bondade e preocupação com
os menos afortunados.
Quando
o
Brasil entrou na
guerra, o
Frei viu
o 11º Regimento
de Infantaria
da cidade
partir e não se conformou em permanecer impassivelmente na cidade.
Assim, quando o comandante do regimento solicitou a indicação de um
religioso para capelão militar, Frei Orlando voluntariou-se
e
seguiu para a Itália
com os "pracinhas", a bordo do navio General Meigs, em 22
de setembro de 1944. Seu primeiro trabalho foi celebrar uma missa na
catedral de Pisa
para
os expedicionários
brasileiros.
Lá,
ao conhecer a realidade do povo italiano, resolveu
também coletar alimentos para amenizar-lhes
a
fome,
retomou
sua prática de preparar a sopa e distribuí-la aos que necessitavam.
Até hoje
existem
relatos de pessoas contando que, se não fossem os Brasilianis,
teriam
morrido de fome durante
os últimos anos da guerra.
Tempos
depois, às vésperas da tomada
de Monte Castello,
durante uma visita à linha de frente do
conflito,
Frei Orlando faleceu,
vitimado por um tiro acidental. Eram aproximadamente 14 horas do dia
20 de fevereiro de 1945. O
frei
estava
com 32 anos de idade.
Finda
a guerra, o governo brasileiro instituiu Frei Orlando como patrono do
Serviço
de Assistência Religiosa do Exército - SAREx,
criado, em caráter permanente, por decreto-lei, no ano de 1946.
Em
homenagem ao Frei Orlando, pedimos uma salva de palmas.
E,
em uma justa homenagem a quem conseguiu resgatar essa receita, pela
primeira vez preparada aqui, precisamos agradecer ao sr. Alexandre
Gardolinski por seu empenho, dedicação e pelo ato generoso de
compartilhar a receita:
Alexandre
Matias Gardolinski nasceu em Curitiba, é casado e pai de três
filhos. É Pesquisador Histórico Militar.
No
livro que está escrevendo “o outro lado da guerra”, defende que
a guerra, (em especifico a II Guerra), salva mais do que mata.
Palestrante sobre o mesmo tema em instituições de ensino e eventos
Cívicos Militares, aborda as invenções, técnicas, procedimentos e
curiosidades de 35 especialidades diferentes de atividades, criados e
desenvolvidos entre 1935 e 1950.
Percorreu
recentemente na Itália mais de 2.000 km, refazendo a Campanha de
nossos Pracinhas em 1944/45.
Presidente
do EVMA Expedicionários Viaturas Militares Antigas. Foi Diretor do
Museu do Expedicionário em Curitiba - Paraná.
Membro
da SASDE - Sociedade Amigos da 2º Divisão de Exército.
Patriota
da Liga da Defesa Nacional.
Associado
Categoria A da Legião Paranaense do Expedicionário.
Colunista
de guerra de jornais, revistas e rádios. Agraciado
com o Diploma de Amigo do 62ºBI e com a Medalha Amigo da História,
do Programa Nossa História.
Temos
a satisfação de contar com a presença do sr. Alexandre Gardolinski
e queremos convidá-lo para fazer uso da palavra.
Também
convidamos o professor de História e Chefe dos Museus Municipais de
Jaraguá do Sul, sr. Ademir Pfiffer, para fazer uso da palavra.
Para
encerrar, chamamos o Sr. Ivo Kretzer, secretário da ANVFEB, que fará
uso da palavra.
Encerramos
agradecendo nossos parceiros e apoiadores: ao Tenente Coronel Vonk,
comandante do 14º Batalhão, que permitiu que o soldado Alexandre
Mörschbacher (rancheiro do 14º BPM) e Shirley Teles, Relações
Públicas do Batalhão, nos auxiliassem, cozinhando a sopa e dando um
verdadeiro caráter militar ao encontro, nosso muito obrigado!
Ao
senhor Dieter Jansen, prefeito de Jaraguá do Sul, Natália Petry,
vereadora e presidente da Câmara, senhor Jaime Negherbon,
vice-prefeito e a todos que aqui estão presentes, nosso muito
obrigado.
Redação: Dionara Raduenz Bard (Ação do Museu da Paz)
Ademir Pfiffer - Historiador e Chefe dos Museus Municipais
Meste de Cerimônia: Sidnei Marcelo Lopes - Presidente da Fundação Cultural
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